Qual é o meu lugar?

Sempre existe um quarto, ou um canto qualquer, que de tanto que a gente vive dentro dele, se apodera de nossa alma. Percebo que parte do que somos, parte do que vivemos está dentro de algum lugar. É como se fosse o gênio da lâmpada mágica; ele só é gênio e tem super-poderes porque vive dentro da lâmpada, e a lâmpada só é mágica por causa dos poderes do gênio. Os lugares captam a nossa energia, os lugares passam a ter nosso cheiro, nosso jeito, nossa essência, isso sem pedir licença, sem autorização.
Faziam uns dias que não ia ao meu consultório, e ontem quando cheguei... eu estava lá. Estava o meu espírito, a minha percepção, eu estava dentro do vazinho de flores que um dia eu coloquei sobre minha mesa, estava no sino dos ventos que com carinho eu pendurei no teto perto da janela.
Eu me senti como raios de sol, atrevidos que invadem minha sala pela manhã. E apesar de atrevidos, são lindos e bem vindos.
Eu senti saudades... saudades de como eu me sentia quando estava lá, das longas conversas com meus pacientes, e do sorriso que eu sempre ganhava no final de cada consulta. Lá, eu sempre me senti como o gênio da lâmpada, porque eu tinha super poderes, eu tirava a dor das pessoas, eu aliviava o peso, eu as deixava mais bonita, sempre!

Deu uma dorzinha!

Não que eu não esteja feliz com minha nova atividade, eu tenho certeza que estou fazendo a coisa certa, e que agora, abre-se um mundo a minha frente, cheio de descobertas, desafios, um mundo que pode ser meu se eu quiser conquistá-lo.

Mas toda mudança, doi.