segunda-feira, 3 de maio de 2010

maratona de São Paulo - a minha prova:

A maratona de São Paulo foi uma prova muito organizada, muito dura que me traz sentimentos únicos.
Eu larguei junto ao grupo geral, e caminhei por 7 minutos até o portão de leitura do chip, onde realmente começa a contar o tempo, como eram mais de 20 mil inscritos, os primeiros kilometros foram muito lentos, mas tudo bem eu estava aquecendo... fui encaixando o meu ritmo, e tentando ficar num pace abaixo dos 6min/km, a minha ideia era manter assim até o km 20 e depois tentar baixar pra 5,5 min/km, o que eu estava fazendo nos treinos. Só que, no km 16 iniciou o meu martírio. Tive uma dor terrível no joelho esquerdo, uma tendinite já conhecida. Que foi aumentando, e tb iniciaram as caimbras. Cada passo que eu dava sentia repuxar um lugar. Primeiro a panturilha, depois os dedos dos pés. Parei num posto de hidratação, peguei uma água, e por um instante pensei em abandonar a prova, me imaginei chegando de ambulância, passou um filme na cabeça, os meus treinos duríssimos ( a prova estava muito mais fácil do que os meus treinos) e o meu desejo de cruzar aquela linha de chegada. Chorei. Aquele sentimento doeu muito. Joguei aquele copo água fora, e sem pensar voltei pra pista, mancando, rezando e escorrendo algumas lágrimas, fui tentando esquecer a dor. Pensando que só faltavam 9 km. Todo o meu objetivo mudou a partir daí. Eu treinei por 3 meses planejando baixar o tempo da prova, e a partir daí, o único objetivo era apenas terminar.
É muito difícil correr tendo que superar o esforço muscular, é bem melhor quando só o pulmão não aguenta mais... quando o esforço é cardio-respiratório. Mas só tem sucesso na vida aqueles não escolhem os problemas, enfrenta todos os que aparecerem. E era isso que eu pensava, precisava superar aquele momento, vencer a crise. E a dor aos poucos foi passando, no km 18 eu não me lembrava mais dela, acelerei de novo, encaixei novamente o meu ritmo e fui...
Quando chegou o 20º. entramos na USP, e eu acelerei mais, mas logo as caimbras voltaram. Parei, alonguei novamente. Voltei pra pista. Havia gatorade no km 22,5 que delicia achei que me ajudaria muito, entretanto mais 1 km e caimbras nos posteriores da coxa desta vez (isquitibiais) ME DEU UMA RAIVA NESTE MOMENTO. Eu não parei, ao contrario, acelerei.... e pensei que iria cruzar aquela linha nem que fosse rastejando... fui embora, tentando fazer os movimentos corretos da marcha, pra usar todos os músculos e não sobre carregar nenhum.
De repente avistei ao longe a faixa indicando fim da prova. Eram 200 mts até lá... fui voando... com o resto de forças que eu tinha. Abracei o Ricardo que estava me esperando. Chorei novamente.
Uma prova de superação pra mim, de medição da minha capacidade de administrar os problemas, e da qual tirarei muitas lições pra vida. Eu posso até fazer outras vezes essa corrida, posso ainda, fazer em tempo muito menor, mas, acho, que nenhuma vai me trazer tantos ensinamentos quanto essa.
Obrigada meu Deus!

Um comentário:

railer disse...

parabéns pela conquista!

amiga, preciso de incentivo pra voltar a correr. fiquei muito tempo parado e agora tá sendo difícil voltar...